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A (incansável) Logística por detrás do combate aos incêndios em Portugal

20 Ago
A Logística é a espinha dorsal do combate aos incêndios: envolve planeamento central, coordenação multi‑agência, gestão de meios aéreos e terrestres e apoio às equipas. 
Portugal enfrenta, anualmente, incêndios florestais de elevada extensão e gravidade: 2025 não é, como as notícias vão reportando dia após dia, excepção à regra. O fogo consome vastas áreas florestais, corta vias de acesso e chega mesmo, por vezes, a ameaçar as habitações. Numa altura em que a prevenção e o combate se tornam cada vez mais fundamentais, compreender a logística envolvida — desde a coordenação inicial até ao apoio às equipas no terreno — é essencial para avaliar a eficácia das intervenções e identificar caminhos de melhoria.

Coordenação é um dos fatores de sucesso contra os fogos

Sendo a coordenação um dos pilares da Logística, não é de estranhar que exista, no cerne do combate aos incêndios, muitos fatores logísticos a contribuir para uma atuação de sucesso na altura de deter o progresso das chamas. Meios aéreos, em sintonia com a vertente terrestre, dão corpo à resposta operacional no terreno, sendo acompanhados pela monitorização e vigilância dos cenários de intervenção, mas, também, de uma alocação estratégia de recursos que permite isolar o território afetado, fixar perímetros de segurança e salvaguardar a população.

Em termos aéreos, a intervenção faz-se através de helicópteros bombardeiros (ligeiros e médios), helicópteros AW‑119 Koala e outras aeronaves, com mais de 1 640 horas de voo dedicadas (registo de 2022), em sintonia com os meios terrestres: veículos (desde jipes a camiões), equipas de diversas corporações de bombeiros, forças policiais (que mantêm os perímetros seguros e coordenam o trânsito nas imediações) e os organismos estatais, como a ANEPC (que lidera a coordenação tática das operações, definindo diretrizes operacionais, emitindo alertas e comandando os meios terrestres e aéreos envolvidos no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais). 

As Bases Logísticas (BAL) também entram nesta equação, pois desempenham um papel fundamental para armazenar combustível, alimentação, vestuário e manter a operacionalidade no terreno, uma vez que vários incêndios prolongam-se por dias, esgotando recursos imediatos, forçando à substituição de bombeiros e polícias, obrigando à gestão dos recursos hídricos na região e até mesmo à deslocalização de pessoas (normalmente moradores), para locais mais seguros onde possam ter cuidados médicos, alimentação e hidratação apropriada.

A Logística como espinha dorsal do combate aos incêndios

No fundo, a Logística é a espinha dorsal do combate efetivo aos incêndios florestais: envolve planeamento central, coordenação multi‑agência, gestão de meios aéreos e terrestres, apoio às equipas e uso de tecnologia de ponta. Ainda que existam alguns avanços — como o reforço de meios com fundos do PRR, melhor coordenação com o SGIFR, modernização tecnológica e infraestruturas — persistem desafios sérios em comunicação interagencial, planeamento antecipado, suporte logístico no terreno e profissionalização de equipas.

Para enfrentar os incêndios com eficácia, é essencial fortalecer não só os recursos materiais, mas sobretudo as redes logísticas, coordenação entre entidades e a capacitação (formação) técnica e humana. Nesta época difícil, a Associação dos Transitários de Portugal (APAT) solidariza-se com as populações afetadas pelos incêndios, expressando, também, o reconhecimento do esforço levado a cabo pelos operacionais no terreno (em especial os bombeiros voluntários) e todos aqueles que se vêem envolvidos neste drama repetido ano após ano. 

Foto: Free-Images.com | Jack Fire Flickr | 
U.S. Forest Service, Coconino National Forest
CC0 License or Public Domain



 

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