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Calor Extremo: Como afeta operações logísticas e cadeias de abastecimento?

03 Jul
Pode o calor extremo (como o que Portugal tem sentido) tem implicações diretas na integridade da Logística e das cadeias de abastecimento?
Com as temperaturas a atingir níveis elevados em Portugal nos últimos dias, o setor logístico e os transitários enfrentam novos desafios operacionais e estratégicos. Pode parecer inverosímil à primeira mas ondas de calor extremo, como as registadas recentemente, afetam diretamente a eficiência, os custos e a fiabilidade das cadeias de abastecimento, exigindo uma adaptação imediata dos modelos operacionais.

Infraestruturas de Transporte Sob Pressão

As elevadas temperaturas provocam:
  • Deformação de pavimentos rodoviários e trilhos ferroviários, comprometendo a segurança e a pontualidade dos serviços de transporte.
  • Atrasos em portos e terminais, devido à degradação de equipamentos e à limitação do trabalho ao ar livre durante as horas de maior calor.
  • Rotas alternativas podem ser necessárias, aumentando tempos de trânsito e consumos de combustível.

Cadeia de Frio em Risco

Para transitários e operadores de transporte refrigerado, os impactos são particularmente significativos:
  • Sobrecarga dos sistemas de refrigeração (camiões, contentores e armazéns), aumentando o consumo energético e risco de falhas.
  • Produtos perecíveis em risco, desde alimentos frescos até produtos farmacêuticos, que exigem temperatura constante.
  • A perda de carga devido a falhas na cadeia térmica representa um custo elevado e compromete a confiança do cliente.

Impacto nos Recursos Humanos

As equipas operacionais, especialmente em armazéns e na distribuição urbana, enfrentam:
  • Redução de produtividade e necessidade de pausas mais frequentes.
  • Risco elevado de incidentes de saúde (insolação, desidratação), o que obriga à revisão dos turnos, utilização de EPIs adequados e implementação de planos de contingência.

Custos Operacionais em Escalada

O calor extremo traduz-se diretamente em:
  • Aumento de custos de manutenção de veículos e infraestruturas, devido ao desgaste acelerado de equipamentos.
  • Majoração de prémios de seguro, associada ao maior risco de avarias e deterioração de mercadorias.
  • Incremento de custos energéticos nas operações de armazém e transporte refrigerado.

Volatilidade na Cadeia de Abastecimento

As quebras de produção agrícola ou falhas logísticas provocadas pelo calor têm efeitos em cascata:
  • Rupturas de stock e atrasos nas entregas geram penalizações e perdas de contratos.
  • 'Efeito chicote', em que pequenas falhas amplificam-se ao longo da cadeia, afetando previsões de procura e níveis de inventário.

Pressão nos Preços e nas Operações de Importação/Exportação

A redução de colheitas e matérias-primas em países produtores, como consequência direta do calor extremo, leva:
  • Ao aumento dos preços de bens alimentares e commodities (ex. cereais, cacau, café).
  • À necessidade de reajustar estratégias de sourcing e diversificar origens de abastecimento.

Calor extremo é realidade à qual a Logística terá de saber se adaptar

O que podem os atores da Logística fazer para mitigar todos estes riscos face ao aumento acentuado das temperaturas? Apostar em infraestrutura resiliente e sistemas de redundância de energia com refrigeração reforçada; aplicar monitorização ativa e tecnologias IoT, munidas de sensores em tempo real para rastreamento de temperatura e condições de carga; adoção de modelos híbridos entre Just-in-Time e Just-in-Case, com stocks de segurança para produtos críticos; inclusão de variáveis meteorológicas nas previsões logísticas; e formação das equipas sobre boas práticas de manuseamento e controlo térmico.
 
O calor extremo já não é um fenómeno esporádico, mas uma realidade recorrente com implicações diretas no desempenho das cadeias de abastecimento. Para transitários, operadores logísticos e gestores de supply chain, antecipar e adaptar-se a estas condições é essencial para garantir continuidade, competitividade e cumprimento contratual. As empresas que apostarem numa abordagem resiliente, tecnológica e proativa estarão mais bem preparadas para enfrentar os desafios de um clima cada vez mais imprevisível.

Foto: Free-Images.com | Pixabay
CC0 LIcense or Public Domain

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