Um apagão generalizado de eletricidade pode desestabilizar totalmente os processos logísticos e a cadeia de abastecimento, provocando paralisações em armazéns, centros de distribuição e sistemas de transporte.
De forma súbita, Portugal, de Norte a Sul, deu por si sem eletricidade. Os primeiros relatos, pelas ruas e pelas rádios, davam conta de que a vizinha Espanha também havia sido afetada em todo o seu território. Horas passaram, e, ao impacto inicial de incerteza e incompreensão, juntou-se a impaciência geral, a reboque de prejuízos, disrupções logísticas e comerciais, caos no trânsito, falhas graves nos sistemas de comunicação e total destabilização da vida quotidiana, com repercussões transversais a toda a sociedade.
É nestes momentos que, de facto, percebemos que damos como garantido todo um complexo ecossistema logístico que, feito de constantes equilíbrios e interdependências, nos permite materializar a vida como atualmente a conhecemos. Nesta equação, a eletricidade é fundamental para que tudo se concretize. Em tempos de transição energética, torna-se vital projetar um modelo capaz de garantir que os processos mais estruturantes do Comércio Global e de todas as interações que, no dia-a-dia, compõem o regular funcionamento de tudo o que nos rodeia, se materializam sem quebras.
A importância de estratégias preventivas na Logística
O apagão do passado dia 28 de Abril servirá, certamente, de alerta para todo o setor logístico: é imperativo planear medidas preventivas que, a médio e longo prazo, possam preservar o regular funcionamento do nosso quotidiano, mantendo a integridade das cadeias de abastecimento. Um apagão generalizado destabiliza imensamente os processos logísticos, provocando paralisações em armazéns, centros de distribuição e sistemas de transporte. As consequências incluem desde a interrupção de equipamentos automatizados e sistemas de gestão, até falhas nos sistemas de refrigeração e na comunicação entre os elos da cadeia, o que pode gerar atrasos, perdas de produtos e prejuízos financeiros.
Diante de tais riscos, é essencial jogar na antecipação, adoptando algumas medidas preventivas que garantam a continuidade operacional em situações de falha energética. Entre as principais ações recomendadas estão:
- Instalação de geradores de emergência, dimensionados para manter ativos os sistemas críticos;
- Uso de fontes de energia renovável (solar ou eólica) integradas a baterias de armazenamento, aumentando a autonomia energética;
- Implementação de planos de contingência que prevejam protocolos claros de atuação em caso de apagão;
- Capacitação das equipas operacionais para agir rapidamente em cenários de emergência;
- Digitalização e redundância dos sistemas de gestão, com backups offline e servidores em nuvem distribuídos;
- Parcerias estratégicas com fornecedores alternativos e transportadoras com capacidade de resposta rápida.
A construção de uma infraestrutura logística resiliente, à prova de eventos disruptivos que por vezes parecem apenas uma miragem, exige investimento, mas representa uma vantagem competitiva essencial num mundo cada vez mais vulnerável a eventos inesperados. A prevenção, portanto, não é apenas uma escolha estratégica — é uma necessidade operacional.
Foto: Free-Images.com
Public Domain or CC0 License