Para o transitário, «a multimodalidade é a chave». Ao mesmo tempo «é onde este desafio de agregar, tratar e estruturar informação se torna ainda mais complexo».
No decorrer do evento Techlogistics 2024, que ocorreu, no dia 3 de Julho, na sede da Microsoft em Portugal (no Parque das Nações), a atividade transitária e o papel do transitário no ecossistema logístico estiveram em destaque. Ana Gonçalves, especialista no tema, integrou a mesa-redonda do evento - organizado pela Devlop e Supply Chain Magazine - e abordou a essência de 'ser transitário'. Informação e Multimodalidade, explicou, são os grandes sustentáculos (e também os maiores desafios) das empresas transitárias, autênticas «mediadoras do transporte».
A essência do que é Ser Transitário
«O que é que os transitários fazem? Os transitários são os mediadores do transporte. Agregam serviços. Existem vários componentes num serviço de transporte, que, das duas uma: ou as empresas importadoras e exportadoras têm toda a capacidade humana e logística para coordenar e integrar todos esses serviços, ou, então, externalizam esses serviços, e fazem-no, normalmente, a um transitário. A Tecnologia e a Inovação Digital serão, sempre, temas para os transitários, porque os transitários tratam, acima de tudo, de informação», enquadrou Ana Gonçalves na sua intervenção inicial.
«Existem transitários que possuem várias infraestruturas associadas (como, por exemplo, armazéns) e existem transitários que são mediadores puros. Este último tem o desafio de se basear na informação providenciada pelos seus fornecedores e clientes para poder operar bem. A tecnologia e a digitalização servem dois grandes propósitos: oferecer visibilidade e aumentar a eficiência. Para podermos utilizar a informação de forma correta é preciso que ela tenha qualidade e que esteja bem estruturada», prosseguiu a especialista, que integra a direção da APAT para o triénio 2024-2026.
«A integração da informação é um dos grandes temas»
Para o transitário, agregar, de forma articulada e consonante, toda a informação disponibilizada, é vital para um correto e eficiente fornecimento de um serviço célere e à medida das necessidades do cliente. Sem isso, todo o processo pode desmoronar, dada a multiplicidade de entidades envolvidas e as diferentes tipologias de dados e documentação envolvida. «O transitário agrega a informação de vários players dentro do ecossistema logístico. O grande desafio passa por tratar toda a informação e estruturá-la da melhor maneira possível. Na minha opinião, a integração da informação é um dos grandes temas e um dos maiores desafios», explicou Ana Gonçalves. Neste capítulo, a digitalização pode e deve ser um aliado.
«Existem grandes disparidades naquilo que é o conhecimento de informação. No frete aéreo existem ferramentas online que nos permitem ver, comparar e fazer bookings, com grande rapidez e eficiência. No transporte marítimo está-se agora a caminhar para lá, mas persiste o grande desafio: os vários provedores de transporte marítimo têm fontes diferentes de informação, formas diferentes de calcular os fretes e também de os apresentar. Torna-se um processo muito complexo», acrescentou, lembrando que, para um transitário, «a multimodalidade é a chave». Ao mesmo tempo, continuou, «é onde este desafio de agregar, tratar e estruturar informação se torna ainda mais complexo».
«Imagine que pretendo agregar um serviço que envolva, por exemplo, recolha à porta e camião, que se ligue ao transporte ferroviário e posteriormente ao transporte marítimo – tudo isto envolve a coleta de informação de vários provedores diferentes que tenho de alinhar e estruturar, para depois apresentar ao cliente de uma maneira simples e eficaz», ilustrou, finalizando a sua primeira grande intervenção no seminário.