Os preços verificados durante a pandemia geraram uma imprevisibilidade nunca antes vista e prepararam o caminho para uma transformação que veio para ficar: os preços dinâmicos substituíram as folhas de Excel.
A APAT marcou presença na segunda edição da iniciativa Techlogistics, fruto da parceria entre a empresa de software e tecnologia Devlop e a publicação Supply Chain Magazine. Em destaque no leque de oradores do evento esteve Sebastien Cazajus, da Cargofive, que, ao longo dos últimos 5 anos, tem vindo a ganhar peso na atividade dos transitários. Para o responsável da jovem companhia, o mercado do shipping é pautado por uma «grande flutuação de preços» onde a imprevisiblidade é já uma constante.
Na sua intervenção, Sebastien Cazajus lembrou que o transporte marítimo contentorizado (que é responsável por cerca de 90% dos produtos que consumimos) é, atualmente, marcado por uma incontornável «flutuação de preços»: uma tendência que se exacerbou durante a pandemia de COVID-19 e que «impacta todos os bens» que diariamente preenchem a lista de compras das populações. Esta tendência, salientou ainda, não deixa também de afetar, diretamente, a atividade das empresas transitárias.
Acesso à informação «em tempo real» é crucial para o sucesso
Os galopantes preços verificados durante a pandemia geraram uma imprevisibilidade nunca antes vista e prepararam o caminho para uma transformação que veio para ficar: os preços dinâmicos substituíram as folhas e tabelas de Excel. Sebastien Cazajus recordou que, num mês apenas, «os fretes aumentaram quase 30%», ilustrando a imprevisibilidade e incerteza do mercado. «Se não tivermos acesso a informação em tempo real, as empresas podem perder (ou ganhar) milhares de euros», vincou.
Neste contexto de transformação, alertou Cazajus, torna-se imperativo adoptar trunfos digitais para acompanhar as novas exigências dos players do mercado e aceder às informações mais pertinentes em tempo real. «Para podermos encontrar toda esta informação de forma mais eficiente temos de entender o que se passa no fenómeno da Digitalização e de partilha destes dados de mercado. O que vemos é que, principalmente a partir da pandemia, os armadores começaram a transformar a forma como partilham este tipo de dados, principalmente: preços e serviços», explicou o responsável da Cargofive.
Informação estática deu lugar à constante flutuação de preços
«Antes da pandemia, 100% dos dados eram veiculados em Excel ou pdf, tudo pedido caso a caso, ou seja, informação estática. Isso mudou com a digitalização dos armadores. Começámos a ter os preços em plataformas online e a conexão, em tempo real, do ato e do preço específico, para assim nos ser disponibilizada toda essa informação em tempo real no nosso sistema», sublinhou, recordando que «o Excel não pode ter um preço dinâmico», sendo apenas «uma tabela com um preço fixo», algo que já não é compatível para a evolução do mercado e com as dinâmicas de atuação dos operadores e armadores.
«Se entro hoje, posso encontrar o frete a 100 euros, mas, amanhã, já custar 150. Este é o novo paradigma: preços dinâmicos. A mesma coisa acontece, por exemplo, com os serviços da Uber. Por um lado temos a capacidade do navio e a percentagem disponível, e, por outro lado, quanto falta para a data de saída. Por exemplo: se faltam 30 dias para sair um contentor e o armador ainda nem cobriu 30% da capacidade, opta por fazer um desconto para cobrir a capacidade e, assim, não perder dinheiro. Agora, se apenas faltam 5 milhas para o navio sair e o armador já tem cerca de 90% da capacidade, vou duplicar o valor que tenho para esse serviço. Ora, no Excel não é possível ter este tipo de utilização em tempo real», descreveu o diretor da Cargofive.
«Quem não conectar estes dados, em tempo real, vai perder muito dinheiro»
Para se manterem competitivas e up-to-date, as empresas têm de acompanhar esta tendência e adaptar as suas práticas, avisou. «Quem não conectar estes dados, em tempo real, vai perder (ou ganhar) muito dinheiro nestas operações», sendo que grande parte dos players já abraçou esta tendência. «80% dos maiores armadores do mercado já têm pricing online. Mais de 70% já possuem booking via web, e mais de 40% já possuem API (Application Programming Interface) para mediar esta informação», disse.
«Com recurso à tecnologia percebemos que poderíamos resolver este problema de uma forma muito mais eficiente e simplificada. Lançámos uma plataforma na qual qualquer transitário pode entrar e procurar uma origem ou um destino e aceder a toda esta informação detalhada», adiantou Sebastien Cazajus, finalizado a sua intervenção no Techlogistics 2024.
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