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Editorial revista Apat 135

30 Jun
Editorial revista Apat 135 por Paulo Paiva, Presidente da Direção 
Estamos a meio de um ano de 2022 conturbado e que, ao contrário das melhores expetativas, manteve um grau de incerteza e instabilidade nos serviços logísticos. Ainda que os transitários tenham conseguido atenuar os impactos na cadeia logistica, os muitos fatores que continuam a desestabilizar as economias fragilizadas por dois anos de pandemia trazem dificuldades acrescidas para todos.

É mais importante do que nunca planearmos e assegurarmos o futuro, olhando além dos fatores não controláveis. É mais importante fazermos o trabalho de casa para retirarmos proveito a médio/longo prazo. Mas mais importante que planear é fundamental concretizar. Concretizar investimentos nos portos, na ferrovia, na rodovia e sobretudo nos aeroportos.

A Logistica em Portugal é o parente pobre da política. Porque a sua relevância é intangível e o resultado da eficiência da logistica é um dado adquirido. Só sentimos a sua importância quando falta, ou sofre perturbações graves que originam falhas na cadeia de abastecimento.

Até que isso aconteça, ninguém quer saber se os portos e aeroportos, rodovia e ferrovia estão apetrechados das condições para garantir vantagens competitivas ao país.

Veja-se a questão dos aeroportos. 50 anos para tornar um investimento decisivo em realidade, mas infelizmente, não houve ainda um Governo pronto a avançar, apenas porque na contagem de votos este é um não assunto, com pouca ou nenhuma importância para os eleitores (exceto quando surgem notícias dos embaraços provocados pelas horas de espera dos passageiros nos terminais).

Uma solução viável seria, por exemplo termos os aeroportos com ligações rápidas entre si (ferrovia), funcionando complementarmente para passageiros e carga. Assim, teríamos um grande Aeroporto Internacional de Portugal com quatro pistas (Sá Carneiro, Lisboa, Beja e Faro).

Certamente ficaria menos oneroso para as contas públicas, ao mesmo tempo que resolveria num prazo mais curto um problema que se arrasta e que tem consecutivamente sido empurrado com a barriga para o governo seguinte.

Continua, entretanto, por resolver a questão de discriminação em que os Transitários são alvo por parte da Hamburg Sud que até ao momento em que escrevo estas linhas ainda não se dignou a dar uma resposta aos múltiplos contatos da nossa parte, e muito menos agendar uma reunião com a Direção da APAT. Não é admissível que, após a decisão unilateral de excluir os transitários do acesso aos seus serviços de transporte marítimo de contentores, esta companhia tenha feito uso de informação comercial privilegiada e confidencial, que apenas era partilhada pelos transitários com a finalidade de cumprir exigências e obrigações aduaneiras e ao nível do contrato de transporte.

A Hamburg Sud beneficia, também ela, da intangibilidade desta atitude condenável em toda a linha, porque as consequências para o mercado vão surgindo, aparentemente, com pouca expressão para a logistica dos nossos exportadores e importadores. Mas que a médio prazo vão redundar em perdas graves na disponibilidade de acesso a mercados internacionais, seja por falta de navios, por falta de contentores ou porque os fretes são inacessíveis à larga maioria de pequenas e médias empresas. Já para não falar de uma indesejável concentração de mercado, com profundo desequilíbrio de poder para o lado da oferta.   

Estamos focados na solução deste problema! A Hamburg Sud não é insubstituível, mas não admitiremos nem calaremos a nossa indignação sobre esta forma de discriminação.

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