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Cibersegurança

28 Set
Artigo de opinião do colaborador da Revista Apat 124 (julho/agosto) - Pedro Galveia
Cibersegurança
A eliminação de barreiras geográficas, a par da globalização trouxeram novos mundos ao mundo. O setor dos transitários, é pela sua natureza global e de necessidade de transporte de mercadorias de A para B, refém do fenómeno da globalização, estando constantemente debaixo de fogo na procura e oferta de soluções que garantam a fiabilidade, o tempo, e acima de tudo muitas vezes, o custo, destas soluções. Tendo alguns países/mercados, maior ou menor aderência tecnológica, a verdade é que nos dias de hoje, as soluções globais, passam por parceiros globais, que se servem ainda em muitos casos de operadores locais/regionais, agregando-os aos seus sistemas.

A componente custo é hoje “quase” instantânea, e os consumidores vão estando habituados noutros setores, como o turismo por exemplo, a pagar num determinado momento, um valor que um algoritmo determina consoante algumas condições internas definidas. Os tablets e os computadores, são em muitos casos já hoje peças do passado. Passámos muitas das nossas decisões para mais perto, para os nossos telemóveis e as suas incríveis capacidades. Todos os canais de comunicação da empresa, são hoje importantes. Todos os equipamentos de uma empresa, são eles também de extrema importância, bem como todos aqueles que deles fazem uso. Com este novo modelo de negócio em tempos de pandemia, o incremento de ataques cibernéticos aumentou exponencialmente, despertando vulnerabilidades criadas pela pandemia. São várias as empresas que são constantemente atacadas, chegando apenas residualmente à comunicação social os casos mais graves. Recentemente (última semana de julho), a Garmin deixou os seus utilizadores, cerca de uma semana sem possibilidade de sincronizarem os seus equipamentos (GPS, pulseiras, relógios, etc.…), com as aplicações da marca e seus perfis. Estamos a falar de uma empresa de topo mundial neste tipo de equipamentos, onde por exemplo podem estar guardados os dados georreferenciados de todos os utilizadores Garmin, enquanto fazem os seus passeios, corridas, atividades na neve, dentro de água, etc., bem como frequência cardíaca e outros dados recolhidos por alguns destes equipamentos. De que serve isto no mundo digital de hoje?? Aparentemente de pouco servirá a nível individual. Mas se tivermos a falar de ataques de ransomware (pagamento de resgate para reaver a informação) e em vez dos nossos dados, tiverem em causa as encomendas de um dado operador também ele mundial, e todo o seu tracking, e respetiva informação financeira dos clientes? Aperta um pouco mais o cerco e deixar-nos-á a pensar um pouco mais certamente. Conseguiríamos ter os nossos clientes apenas com um aviso de problemas nos servidores neste momento e aguardar uns dias até resolução do problema?

A segurança informática hoje em dia é vital para as empresas que operam globalmente, mas principalmente para as que estão altamente expostas no cibermundo. Os provedores de software devem implementar também políticas de segurança apertadas nas suas aplicações, mas os provedores do serviço ao cliente, devem depois garantir essa mesma segurança em todos os seus equipamentos e pontos de acesso. Sabemos que não existem departamentos de segurança informática em todas as empresas, e mesmo havendo, não serão todos especializados na proteção das empresas para as ameaças constantes do dia-a-dia. Hoje em dia começa a ser mais frequente a contratualização desses serviços (SaaS – Security as a Service), levando à externalização de parte sensível e de grande importância das empresas a empresas externas, que devem ser elas o garante da informação e equipamentos que lhes são confiados.

Devem as empresas ser CONSTANTEMENTE pró-ativas neste domínio da cibersegurança, apostando na proteção e fazendo testes éticos (ethical hacking) às suas aplicações e equipamentos de modo a prevenir ou saber como lidar em caso de ataques deste género. É um investimento cego, e aparentemente sem retorno, mas é algo que hoje em dia se torna imperativo a quem joga no mercado global, como é o caso dos transitários.

Pedro Galveia
agosto 2020

 

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