A colocação atual de Portugal no Logistics Performance Index é razoável – não pode ser considerada uma má classificação, contudo, fica aquém do potencial que o nosso país detém, tendo em conta as valências que nos são conhecidas: uma posição geoestratégica pertinente, profissionais com elevada qualificação e uma capacidade assinalável para encontrar soluções logísticas mesmo em tempos de adversidade extrema.
Analisando o desempenho de Portugal em cada segmento de avaliação, reparamos que, entre 2007 e 2023, a palavra de ordem parece ser: estagnação. Descemos dez lugares no ranking mundial do Logistics Performance Index nesta janela temporal, apesar de termos mantido o registo em quase todos os parâmetros de avaliação, o que subentende uma falta de progressão consolidada face aos outros países. Mesmo com o impacto significativo que a pandemia teve no desenrolar dos planos de investimento (público ou privado) dos países, a verdade é que não existe travão para a veloz evolução digital e tecnológica a que estão obrigados. Quaisquer atrasos nessa autêntica corrida podem traduzir-se na perda de competitividade e na degradação, comparativa, do índice de desempenho logístico; um grande parte desta evolução requer investimento infraestrutural capaz de dotar os países de uma abrangente e versátil rede de ‘comunicação logística’ na qual todas as soluções de transporte se possam complementar.
Esta rede não deve ser, tão-somente, a simples soma dos ativos infraestruturais de um país, pois é precisamente a partir de adopção de uma perspetiva holística e gestáltica que podemos entender a importância da Intermodalidade e da Multimodalidade – conceitos vitais para uma ‘comunicação logística’ eficiente, resiliente e flexível. E Portugal necessita, de forma urgente, de uma estratégia nacional integrada, resistente à natural alternância do poder político, capaz de materializar o potencial logístico e económico que temos ao nosso dispor. A estagnação o que se pressente neste resultado do Logistics Performance Index denota um atraso no investimento em elementos cruciais para uma resposta logística mais dinâmica e a prova disso é que fomos ultrapassados por países como a Polónia, Estónia e Letónia.
Outrora (muito) periféricos, estes países encontraram uma estratégia coerente de investimento transversal assente na identificação dos trunfos e potencialidades que têm ao seu dispor. Portugal deve seguir o mesmo caminho. Precisamos de, em conjunto, identificar os nossos pontos fortes e fracos, e, em consonância com essa auto-avaliação, concretizarmos um programa logístico assente em corredores logísticos ágeis e interligados, terminais multimodais modernos e armazéns automatizados, portos na plenitude da sua função de interfaces dos sistema logístico e sistemas interoperáveis que permitam o constante fluxo de informação, crucial para todos os elos da cadeia de abastecimento. A Digitalização é um fenómeno incontornável e será, com um peso cada vez mais determinante, o pano de fundo desta transformação operacional. As empresas portuguesas têm vindo a trilhar esse caminho, adaptando-se aos novos desafios digitais e adoptando ferramentas que, muitas vezes, obrigam, não só a investimentos significativos, como a alterações profundas no modus operandi. A APAT é testemunha disso e, os Transitários, a prova de que é possível ter sucesso sem que a adversidade e a imprevisibilidade deixem de pairar sob as nossas cabeças.
Esta resiliência é, sem dúvida, um dos trunfos de Portugal. Levemos então em conta esta nossa vantagem e façamos dela o ponto de partida para um futuro mais estratégico, projetado para capitalizar o que de melhor temos. Os Transitários estarão, como sempre, prontos a dar o seu contributo em prol de um país logisticamente mais avançado, mais disponível e mais dinâmico.