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Mais que uma contração: Uma oportunidade de reinvenção para os Transitários?

13 Ago
O ano de 2024 ficou marcado por uma retoma significativa no setor Transitário, impulsionada pela normalização das cadeias logísticas após a pandemia, pela reativação de rotas comerciais e pelo aumento do comércio internacional em certos blocos económicos. Para 2025, contudo, o cenário afigura-se outro: os mais recentes estudos prevêem um abrandamento com possível contração que pode até estender-se a 2026. Quais os motivos desta inversão?



1. Introdução: Do crescimento à incerteza
O ano de No entanto, os primeiros indicadores de 2025 sugerem um abrandamento. Estará o setor a entrar numa fase de contração? E o que explica esta viragem?
 
Razões por trás do possível abrandamento
Vários fatores convergem para um cenário menos favorável em 2025 e 2026:
a) Redução da procura global
As principais economias mundiais, como os EUA, a UE e a China, têm mostrado sinais de desaceleração. A inflação persistente em algumas regiões, combinada com taxas de juro elevadas, tem afetado o consumo e, por consequência, o volume de trocas comerciais.
b) Excesso de capacidade logística
Após os constrangimentos de 2021–2022, muitas operadoras reforçaram a sua capacidade, investindo em frota e infraestruturas. Com a procura a abrandar, verifica-se agora um excesso de oferta, levando à queda nas tarifas de transporte — especialmente no transporte marítimo.
c) Pressões geopolíticas
Conflitos regionais, como o no Mar Vermelho, sanções comerciais, e a instabilidade em certos corredores logísticos estratégicos têm trazido custos e riscos acrescidos ao setor.
d) Mudança nos padrões de consumo e produção
Há uma tendência crescente para a deslocalização (nearshoring) e para cadeias de abastecimento mais curtas. Isto reduz o volume de transporte internacional tradicional, impactando diretamente os transitários.
 
3. Oportunidade no meio da incerteza
Apesar dos sinais de contração, o momento é também de transformação — e os transitários têm um papel vital nesta transição.
a) Digitalização e automação
Empresas transitárias que invistam em tecnologia para agilizar operações, dar visibilidade aos clientes e automatizar processos estarão mais bem preparadas para resistir a pressões marginais.
b) Serviços de valor acrescentado
A diversificação dos serviços, como consultoria logística, gestão alfandegária integrada ou soluções “verde”, pode ser uma via para compensar a diminuição de volumes.
c) Sustentabilidade e ESG
A crescente pressão para descarbonizar a cadeia logística representa uma oportunidade para os transitários se posicionarem como parceiros estratégicos na transição ecológica.
 
4. Como encarar o contexto: recomendações para o setor
  • Planeamento estratégico e flexibilidade: Preparar cenários diversos e ajustar rotas, serviços e parceiros com agilidade.
  • Formação contínua: Apostar nas competências digitais e na formação contínua dos recursos humanos.
  • Colaboração e representação setorial: As associações como a APAT têm um papel fulcral na defesa dos interesses do setor, na promoção de boas práticas e na criação de redes de apoio mútuo.
 
5. Conclusão
Embora os sinais atuais apontem para uma possível contração do setor transitário, esta não deve ser encarada como uma crise, mas como uma reconfiguração. As empresas que conseguirem ler o contexto, adaptar-se e inovar serão aquelas que não só resistirão, como também liderarão a nova fase do mercado.
 

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