O escalar do conflito militar entre Israel e o Irão - que já contou também com a intervenção bélica dos EUA - promete abalar fortemente o quadro geopolítico atual e, claro, adensar os problemas estruturais do Comércio Global. Para já, a ameaça do fecho do Estreito de Ormuz (passagem marítima fulcral por onde viaja cerca de 20% do cómercio marítimo de petróleo) é um das balas perdidas desta guerra, atingindo o coração da Logística e, por certo, encarecendo os combustíveis e aumentando a fatura final de empresas e consumidores. Entrevistado pela CNN, António Nabo Martins, presidente executivo da Associação dos Transitários de Portugal (APAT), fez uma projeção das consequências desta guerra.
«O impacto sentir-se-á muito rapidamente», começou por responder o presidente executivo da APAT, quando instado a prever a reação do mercado. «O bloqueio ainda não aconteceu, mas o preço dos combustíveis em Portugal já começou a aumentar esta segunda-feira - e de uma forma considerável», prosseguiu António Nabo Martins. De forma expectável, os atores do 'teatro logístico' irão procurar alternativas a esta rota, o que conduzirá a aumentos do preço do frete: «Isso terá custos», alertou o presidente executivo da APAT, vincando que os tempos de trânsito serão uma das razões para esse acréscimo. Contudo, as soluções alternativas (nomeadamente o meio terrestre) terão acentuados custos para todos os operadores.
Sem outras soluções óbvias por via marítima, a opção terrestre poderá ser equacionada. Já a via aérea, nem por isso, uma vez que «transportar todas aquelas toneladas de petróleo por ar teria um preço completamente absurdo», salientou. A via terrestre, apesar de «não ser rápida», parece ser a única alternativa viável, lembrou, explicando que «muitas das rotas já existentes seriam também impactadas por todo o conflito que existe em terra e até pela situação entre a Ucrânia e a Rússia», acrescentou presidente executivo da associação. Uma coisa é certa: se o panorama de guerra se mantiver e o Estreito de Ormuz for fechado, haverá «menor disponibilidade de combustíveis fosséis» a curto prazo, vincou.