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Complexo Ferroviário da Bobadela

25 Mai
APAT vinca preocupação com fecho do Complexo Ferroviário da Bobadela junto do Governo
Em comunicado assinado por Paulo Paiva, a APAT dirigiu-se ao Governo para alertar para a importância logística e geoestratégica do Terminal Ferroviário da Bobadela, «sem dúvida nenhuma o melhor que existe em Portugal», e para a lacuna de alternativas planeadas para o futuro, na sequência da relocalização do complexo multimodal, processo que deverá estar fechado até 2026. A APAT teme uma degradação das ligações e dos fluxos de cargas entre os vários nós logísticos, e para a ausência de concorrência: tudo isto com custo acrescido para o consumidor final.
«O Terminal Ferroviário da Bobadela é sem dúvida nenhuma o melhor que existe em Portugal, porque para além de servir a cidade de Lisboa, serve igualmente os Portos de Sines, Lisboa e Leixões permitindo que estes alarguem o seu hinterland e ao mesmo tempo permitem o tão almejado modal–Shift retirando camiões da estrada e tornando o transporte de mercadorias mais amigo do ambiente», preconiza a associação de transitários, lembrando que, no contexto da RTE, Lisboa «é porto principal (Core) do chamado Corredor Atlântico» e que a Bobadela tem funcionado como plataforma de integração, «tanto ao posicionar–se como buffer ou como estrutura de apoio à manutenção, limpeza e reparação de contentores».

Mas a importância da infra-estrutura da Bobadela não se restringe a estas valências, salienta a APAT, lembrando que, tendo em conta que a acessibilidade ferroviária ao Porto de Lisboa (Alcântara) é feita via Linha de Cintura e através do atravessamento da Avenida 24 de Julho, e Linha de Cascais, a plataforma «representa assim uma alternativa à movimentação de contentores por via rodoviária até aqui, para depois seguir por comboio». Mais: o terminal «tem representado praticamente o mesmo para o Porto de Sines uma vez que se aponta como o Porto Seco de Sines para a região de Lisboa», frisa a associação de transitários, lembrando que, hoje em dia, o terminal «recebe/expede três comboios diários,com cerca de 60 (360 diários) TEU, para Sines e sensivelmente cerca de um comboio diário com a mesma capacidade para Alcântara, assim como apoio à movimentação de várias dezenas de contentores da Extremadura Espanhola e ainda para as Ilhas da Madeira e dos Açores».

«Sem o Complexo da Bobadela, deixa de existir uma plataforma multimodal junto da maior cidade do País e seja onde for que vier a ser a nova plataforma, vai representar custos adicionais para o consumidor final de Lisboa e das Ilhas, bem como ainda a disrupção da cadeia que está montada com a Extremadura Espanhola, retirando assim carga aos Portos Portugueses», atira a APAT, mostrando-se preocupada com o facto de uma «eventual alternativa» não estar sequer ainda analisada ou pensada. «O Poceirão não servirá para servir a margem Norte, a Plataforma Logística Norte de Lisboa (Carregado) não aparenta ter capacidade de recepção para tantos contentores», analisa a associação.

O complexo sofrerá uma gradual descontinuação, e, até 2026, deverá estar limpo de contentores; em 2022, frisa a APAT, «deverá estar encerrada a zona Sul e Centro, restando assim quatro anos para a actividade. Esta é a expectativa de todos os players, clientes e consumidores finais». Surge, assim, a «especulação» sobre as concessões dos vários terminais do complexo. «O modelo que se adoptou para a Bobadela teve o efeito actual, ou seja, quando já chegaram a estar quatro parques instalados e todos a funcionar de forma eficiente, hoje apenas temos um que funciona eficientemente, pois por razões várias os outros não estão capacitados ou habilitados a funcionar. Ou seja, deixou de haver concorrência», constata a entidade.

Fonte: Revista Cargo
 

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