X




X

Corredores logísticos terrestres

10 Nov
Começa a ser consensual entre nós que as plataformas logísticas têm importância estratégica, funcionando como aglutinadores e acumuladores das cargas das cadeias logísticas, acelerando assim o processo de equilíbrio da matriz da cadeia de transportes, de modo a retirar de cada modo as suas verdadeiras competências e valências.

Fica claro que não basta construir uma determinada linha férrea, estrada ou acessibilidade, para ter como garantido o transporte de cargas. Precisamos de investir também em portos secos, em terminais logísticos (plataformas) e em intermodalidade. O que significa ser necessário equilibrar os custos de contexto marginais, tais como sinistralidade, ambiente, mobilidade, segurança, impostos, taxas de utilização, agilidade procedimental, entre outros.

Por outro lado, os modos terrestres têm necessidade de concertar estratégias de forma a poderem evidenciar de forma hábil a combinação de benefícios oferecidos por ambos e também pelas plataformas logísticas multimodais nas regiões sob a sua influência. Este esforço necessita de ser conjunto e ininterrupto, pois é certo que estas três entidades – rodovia, ferrovia e plataformas logísticas – têm um objetivo comum que é o crescimento da economia do País.

Daqui deriva a premente necessidade de desenhar, pensar e construir corredores logísticos. No nosso entendimento, Portugal deveria ter 5+2 principais plataformas que conectassem as principais regiões geradoras de tráfego, devendo ser complementadas por uma outra rede de plataformas adicionais (estas, a maior parte delas, já existentes).

Uma combinação entre infraestrutura rodoviária e ferroviária e terminais de qualidade ligará as regiões da sua influência a mercados estratégicos, promovendo o acesso fácil e permitindo atingir com maior capilaridade outros países, como a Espanha e o Centro da Europa.

Quero deixar bem claro que não é o mesmo que revisitar o “Portugal Logístico”, que previa a criação de uma Rede Nacional de Plataformas Logísticas, constituída por 14 plataformas em 11 regiões. A seu tempo já se anunciava que se previa uma redução de 10% no custo e que contribuiria para uma maior rapidez, segurança e competitividade dos transportes de mercadorias. Talvez pela imensidão de plataformas anunciadas, pela fraca adesão do investimento privado ou por outras razões que se desconhecem, deveria estar concluído em 2013…  Mas não está.

A revisitar o referido “Portugal Logístico” (RPNL) – Rede Nacional de Plataformas Logísticas, deveríamos retirar alguns ensinamentos, pois, conceptualmente parecia ser ambicioso e oportuno.
O que defendemos, para além de um número bem mais reduzido de plataformas, é a criação de corredores logísticos que se conectem entre si através destas plataformas e que simultaneamente possam conectar estas plataformas através de si. Estes vínculos não podem ser apenas ao nível das infraestruturas, mas também da infoestrutura, pois muitas vezes são problemas, chamados administrativos, que retiram competitividade ao processo logístico. Por outro lado, também não podemos olhar para estas plataformas apenas na perspetiva de “...transformar Portugal numa plataforma atlântica para os movimentos internacionais no mercado ibérico” mas sim transformar Portugal num verdadeiro hub de carga. Hoje já notamos alguns movimentos de carga intercontinentais a passar por Portugal, mas a maior parte continua a utilizar apenas um modo de transporte.

O segredo será posicionamento, posicionamento e posicionamento. Para um país da dimensão de Portugal não devemos ter plataformas a cada 20 km, mas em locais com um raio de ação maior, que consigam cobrir o território nacional e simultaneamente as regiões geradoras de maior volume de carga, quer seja produzida/consumida em Portugal ou em trânsito. Um posicionamento estratégico e privilegiado e com fáceis acessos também a aeroportos, a plataforma pode conjugar volumes de cargas de diferentes naturezas, promovendo toda a cadeia logística evitando desperdícios de meios promovendo mais rentabilidade e maior competitividade.

Este movimento sinérgico pode atrair a indústria, os serviços e a logística, para se instalarem na plataforma, beneficiar e criar dinâmicas e sinergias de excelência, assim como emprego, fixação de pessoas promovendo ainda a coesão nacional.
 
Nabo Martins
Presidente Executivo da Apat

Ajude-nos a crescer