Está totalmente fechado o processo de aquisição dos ativos da CK Hutchinson Holdings ao consórcio liderado pela gigante americana BlackRock. O colossal negócio, fixado nos 20 mil milhões de dólares, implica a alienação de 90% da sua participação na Panama Ports Company (PCC) e a venda de uma série de portos, não apenas aqueles situados na área de influência do Canal do Panamá (caso dos portos de Balboa e Cristobal).
O negócio materializa-se na sequência das críticas de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos da América (EUA), acusando a China de controlar um ativo absolutamente vital para o Comércio Internacional e para a Geopolítica mundial: o famoso Canal do Panamá. As pressões exercidas pelo líder da Casa Branca poderão, de facto, ter tido um peso importante na conclusão do negócio, apesar dos envolvidos na operação negarem, em comunicado, qualquer ingerência presidencial ou outro tipo de pressão política.
Muito mais do que um 'negócio'...
O negócio envolve 43 portos, com 199 postos de acostagem em mais de duas dezenas de países. A CK Hutchison Holdings, um dos maiores conglomerados de Hong Kong, movimenta-se nos sectores financeiro, retalhista, das infra-estruturas, das telecomunicações e da logística, tendo agora completado um dos negócios mais impactantes de sempre. Já a americana BlackRock, famosa gestora de ativos, investimentos e serviços financeiros, junta ao seu imenso portefólio um dos maiores ativos estratégicos no que toca ao Comércio Internacional: pelo canal do Panamá movimenta 5% do comércio marítimo mundial e 40% do tráfego de contentores dos EUA.
Depois de ter dado o tiro de partida para uma
autêntica guerra de tarifas (que poderá até ter impacto negativo na exportação de vinhos portugueses), Donald Trump continua nas bocas do mundo, desta vez pelas suspeitas de ter tido um papel crucial na materialização do negócio, forçando um clima de tensão com a rival China e gerando incertezas quanto à (potencial) resposta da super-potência global. Assim que tomou posse, Donald Trump acusou a China de controlar as operações no Canal do Panamá, usando a passagem marítima como uma arma geopolítica (algo que, refira-se, parece não ter, atualmente, sustentação factual). Relatos de alguns especialistas em Geopolítica e Transporte Global indicam a aposta infraestrutural do projeto chinês
Belt and Road Initiative - e o papel que o canal marítimo poderá desempenhar neste mega-projeto - como uma das ameaças mais receadas pelo presidente dos EUA, que voltou à Casa Branca em Janeiro.