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Como será o futuro que aí vem?

23 Set
Artigo de opinião de António Nabo Martins, Presidente Executivo da Apat, publicado na Revista Apat 124 ( julho/agosto 2020)
Talvez possamos afirmar que a nossa vida assenta num tripé no qual vivemos com o Estado, a Economia e as Pessoas. Logo podemos depreender que a nossa vida depende tanto de como nos equilibramos num “tripé” ou como conseguimos viver sempre na inconstância.  

Este organismo “vivo” (vida) tem ainda dois braços – a Economia Formal e a Economia Informal, que de alguma forma ajudam a equilibrar este “tripé” e que por sua vez gira à volta de um imenso órgão do qual interdependem outros igualmente relevantes, ainda que algo independentes. 

O Estado – Que quer apostar na digitalização e no teletrabalho como forma de responder aos eventuais impactos de uma 2ª vaga ou novas epidemias, de que forma vai alterar o seu modelo de governance nalgumas empresas estratégicas nacionais e de que forma ocorrerá o investimento público e em que sectores de atividade. O Estado não vive sem pessoas, sem mercado e sem clientes. Como vai esta relação poligâmica alterar-se no futuro? 

Os Negócios: Quase que podemos sugerir que vai surgir um “novo negócio” que será o da gestão de crises, nomeadamente no âmbito da saúde, da logística, do transporte e das pessoas. Vai ser necessário reinventar muitas empresas e muitas pessoas e, até na forma como vamos olhar para a “cor” da economia – Azul? Verde? Ou cinzenta? 

Os Clientes: Sempre os clientes, porquê? Apenas e só porque são fundamentais e como é hábito dizer-se, têm sempre razão, mesmo quando não têm. Mas que clientes vamos ter? Que consumo vão fazer? Terão poder de compra e serão leais? E se a procura baloiçar entre a economia formal e a informal? 
Sendo a Economia a ciência que consiste na análise da produção, distribuição e consumo de bens e serviços, não é nem mais nem menos, do que uma forma muito simplista, de comprar e vender. Como se compra e vende, transporta e distribui sem clientes, sem regulação, e sem confiança mútua?  

As Pessoas (Rec. Humanos): Terão de se adaptar às novas realidades do trabalho, do mercado, da legislação, dos clientes, etc. Como se motivarão para permanecer e que responsabilidades adicionais terão nestas novas funções e realidades, com novas tecnologias e novas competências? A Formação profissional ganha igualmente novas dinâmicas, mais digital e mais focada nas soft skills individuais, como por exemplo criatividade, persuasão, colaboração, adaptabilidade e gestão de tempo. 

O Mercado: É o local onde são transacionados os bens e mercadorias. Como vai ser no futuro? Seguramente com novos produtos e serviços, com novas técnicas na forma de os disponibilizar ao consumo e como optar entre qualidade e preço e de que maneira confiar na forma como se oferece e, que parâmetros de confiança vão ser eleitos pelos atores e sectores de atividade? 

Em conclusão podemos dizer que o futuro no futuro que aí vem, será um tremendo ponto de interrogação. 

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