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16º Congresso da Apat - Conclusões

04 Dez
Conclusões do 16º Congresso da Apat
Falta de estratégia global no setor da logística prejudica a economia
 
A falta de uma estratégia global no setor da logística e do transporte de mercadorias, capaz de ligar portos, ferrovia, rodovia e aeroportos a operadores logísticos e ao consumidor final e que seja mantida pelos diferentes Governos, é um dos principais problemas deste setor, concluíram os participantes no 16º Congresso da Associação dos Transitários de Portugal (APAT), que decorreu a 10 e 11 de novembro, em Lisboa, subordinado ao tema ‘Atividade Transitária & Logística: Tendências e Tecnologias E-mergentes’. Paulo Paiva, presidente da APAT, confirmou que as decisões tomadas atualmente continuam a seguir este caminho, o da falta de ligação entre infraestruturas, o que dificulta o trabalho dos transitários e pode conduzir as empresas a perdas económicas.

Embora a importância dos transitários tenha vindo a aumentar, até porque são estes operadores que garantem que os produtos chegam ao seu destino em condições para que depois possam ser comercializados, cá dentro e lá fora - sem eles, as empresas teriam mais dificuldades em internacionalizar-se -, continua a não lhes ser dado o devido valor. E são os números que o confirmam: as empresas de transitários a atuar em Portugal fizeram, em 2016, vendas de 1,8 mil milhões de euros. No entanto, segundo um estudo da Câmara de Comércio apresentado no decorrer do congresso, para as Pequenas e Médias Empresas exportadoras, a logística e o acesso a canais de distribuição só pesam 8% nos fatores que as diferenciam internacionalmente. Dados que motivaram Paulo Paiva a deixar um alerta. “De nada nos adianta investir em Investigação e Desenvolvimento, termos as melhores tecnologias, o design mais atrativo, a melhor qualidade e um preço competitivo à saída da fábrica se, depois, não conseguimos colocar os produtos nos mercados internacionais. Neste fator logístico, os transitários têm um papel fundamental.”

O encontro serviu para salientar os desafios, que têm sido - e vão continuar a ser - uma constante. A começar com o crescimento económico que, por si só, já é um desafio, uma vez que alguns operadores têm estruturas envelhecidas, enfraquecidas e com menos recursos humanos. Também a web e as tecnologias mais sofisticadas, como a Internet das Coisas, que permite saber remotamente e à distância tudo o que se passa com os produtos, desde a sua criação até à sua reciclagem, assim como o surgimento de novos negócios, alguns deles apenas online, obrigam os transitários a adaptarem-se e a tornarem-se mais eficientes.
O crescimento do comércio online, que aumenta a exigência de quem procura estes serviços, é outros dos desafios a ter em conta, assim como a digitalização da economia que, para os vários intervenientes no congresso, é também vista como oportunidade de crescimento e aumento da competitividade. “A Internet das Coisas permite aos transitários saber exatamente onde está a mercadoria, a temperatura a que ela está ou se o navio teve um acidente e tudo isto em tempo real”, exemplificou o diretor de soluções cognitivas da IBM Portugal, António Pires dos Santos. E depois há também o Big Data, a impressão digital, o Blockchain ou a realidade virtual. Mas o primeiro passo a dar é bem mais simples. “O fundamental é ter uma presença na internet. Se não está lá, não existe”.

Com estes desafios surgem os riscos, nomeadamente os de segurança. Segundo André Inácio, especialista em segurança e investigação criminal, a esmagadora maioria dos negócios em Portugal não está totalmente seguro e alguns estão mesmo em risco, ainda que não estejam preocupados. Só que deviam. “Raptar ficheiros é muito mais fácil que raptar pessoas e dá muito mais dinheiro e estão a acontecer quatro mil ataques destes por dia, segundo a Europol”, referiu. 
 
Lisboa, Pavilhão Carlos Lopes
10 e 11 de novembro de 2017
 

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